quinta-feira, setembro 27, 2007

O massagista

O sol coroava mais uma manhã. Ele lia o “Financial Times”. Eu olhava o mar, visando o horizonte. As pessoas costumam admirar o horizonte. A mim, ele entristece. Lembra-me a jovem alegre e cheia de sonhos que fui um dia.
- Senhora, seu Martíni – o garçom evanesceu meus pensamentos.
Mais minutos de silêncio depois, ele diz ao consultar o relógio:
- Está na hora de sua massagem, querida.
Saio, aliviada por livrar-me daquele horizonte e do símbolo concreto de minha melancolia por este, lendo o “Financial Times”. Ao entrar no quarto, ele já esperava por mim. Caminhei em sua direção e beijei-lhe ardentemente.
- Aqui? – ele pergunta inseguro. Sorrio e tiro sua camisa.
- A porta está entreaberta – ele continua.
- Deixa – falo. Eu queria assim. Agora éramos dois corpos nus, entrelaçados. Estávamos em pé, minhas pernas em volta de sua cintura, as mãos dele em minhas coxas. Quentes. Suados.
Foi então que o vi. Ele olhava da porta. Eu sabia que viria. Ele ficou parado por alguns instantes, que devem ter-lhe parecido uma eternidade, e então saiu. Ele saiu como se não tivesse visto nada. Indiferente. Foi como se meu último suspiro de vida se esvaísse.
E o massagista nem fazia o meu tipo...