terça-feira, julho 29, 2014

Achei garimpando por aí...

"Paulo me perguntou:
Como podem existir pessoas sem sentimentos?
Respondi:
Ora, Paulo, alguém tem que compensar nossos excessos."

sexta-feira, julho 25, 2014

quinta-feira, julho 24, 2014

Ariano...

"Carta para Ariano,

Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo.

Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Shakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.

O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.

Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cercas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro.

Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro.

Teu,
Matheus Nachtergaele"

quarta-feira, julho 23, 2014

Dalí, o palhaço somos nós

"O palhaço não sou eu, mas sim esta sociedade monstruosamente cínica e tão ingenuamente inconsciente que joga o jogo da seriedade para melhor esconder a loucura". 

Salvador Dalí

terça-feira, julho 22, 2014

sábado, julho 19, 2014

Rubem...

Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar.


Rubem Alves, ser sensível, generoso e delicado vá em paz.

quinta-feira, julho 17, 2014

Que não sejamos desleais ao bem que está em nós por uma submissão covarde ao mal que está na sociedade. - Paul Brunto

quarta-feira, julho 16, 2014

Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos
Quantas vezes minha esperança será posta a prova?
Tudo isso que está aí no ar
Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro
Do meu dinheiro, do nosso dinheiro
Que reservamos duramente
Para educar os meninos mais pobres que nós
Para cuidar gratuitamente da saúde deles, dos seus pais
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade
E eu não posso mais
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz
Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros
Venha quebrar no nosso nariz
Meu coração está no escuro
A luz é simples
Regado ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó
E os justos que os precederam: “NÃO ROUBARÁS”
“Devolva os lápis do coleguinha”
“Esse apontador não é seu, minha filha”
Pois bem, se mexeram comigo 
Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido 
Então agora eu vou sacanear 
Mais honesta ainda eu vou ficar 
Só de sacanagem
Dirão: “deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba”
E eu vou dizer: “não importa, será esse o meu carnaval”
Vou confiar mais e outra vez
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos
Vamos pagar limpo a quem a gente deve
E receber limpo do nosso freguês
Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal
Dirão: “é inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”
E eu direi: “não admito, minha esperança é imortal”
E eu repito: “ouviram? IMORTAL”
Sei que não dá pra mudar o começo
Mas, se a gente quiser
dá pra mudar o final!

Elisa Lucinda

domingo, julho 13, 2014

quarta-feira, julho 09, 2014

Foi-se a copa...

Foi-se a copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.

Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.

O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
a Copa da Liberdade.

Drummond


terça-feira, julho 08, 2014

Poeta da terrinha

"É assim, você se parece um pouco comigo, na cara de bravo e no tom delirantemente maníaco quando está de bom humor. Goza a insanidade quando está com fome e não tem nenhum tipo de horror a solidão. Mas, como toda boa pessoa, você é delicadamente sociável, mesmo que tua barba, às vezes, diga o contrário. Você pra mim, é um tipo de poesia sendo degustada por uma criança que ainda não aprendeu a ler, como um bêbado provando um vinho caro e perdendo todo o sabor no meio da degustação. Eu sou o atropelo e você a cautela, nos dias ruins somos os dois a displicência. O que te difere de mim é a delicadeza que conduz os teus passos e é exatamente nela que eu mais tropeço. No fim do dia, eu evidencio meu desajeito e você casa teus pés nos meus, só pra me ensinar a dançar."

Natália Brandão

segunda-feira, julho 07, 2014

O homem, Deus e a natureza

O homem é a mais insana das espécies. Ele adora um Deus invisível e destrói a natureza visível. Sem saber que essa natureza que ele está destruindo é esse Deus que ele está adorando. 

- Hubert Reeves