Sempre caminhava na estrada de um bairro afastado, na zona rural da pequena cidade da minha infância. Toda vez que passava por ali, reparava nas humildes casinhas em meio aqueles enormes eucaliptos. Mas nunca vi ninguém, apenas sentia o aroma do café.
Em uma manhã, enquanto andava absorta em meus problemas, avistei um senhor. Ele estava sentado em um toco de árvore, diante do portão de uma pobre casa. Ao passar, ele me olhou, abriu um sorriso quase sem dentes e disse: Bom dia. Retribuí o sorriso e o cumprimento.
Foi um momento de iluminação para mim. Aquele em que a gente compreende que a felicidade está nas coisas simples da vida. No abraço de meu pai, no chamamento carinhoso de minha mãe, nas brincadeiras com meus irmãos, nas gargalhadas com os amigos... No sorriso de um pobre velho, habitante de uma pobre casa, mas mais rico que eu, por conservar o seu sorriso.
Aquele modesto ancião, com toda a sua pobreza, com seu sorriso sincero me fez sentir vergonha da minha vida egoísta e de excessos. É triste que tenhamos que lamentar a vida dos outros para dar valor à nossa própria.