"É assim, você se parece um pouco comigo, na cara de bravo e
no tom delirantemente maníaco quando está de bom humor. Goza a insanidade
quando está com fome e não tem nenhum tipo de horror a solidão. Mas, como toda
boa pessoa, você é delicadamente sociável, mesmo que tua barba, às vezes, diga
o contrário. Você pra mim, é um tipo de poesia sendo degustada por uma criança
que ainda não aprendeu a ler, como um bêbado provando um vinho caro e perdendo
todo o sabor no meio da degustação. Eu sou o atropelo e você a cautela, nos
dias ruins somos os dois a displicência. O que te difere de mim é a delicadeza
que conduz os teus passos e é exatamente nela que eu mais tropeço. No fim do
dia, eu evidencio meu desajeito e você casa teus pés nos meus, só pra me
ensinar a dançar."
Natália Brandão
Nenhum comentário:
Postar um comentário