quarta-feira, junho 19, 2013

Godard

De certa forma, o medo é a filha de Deus. Redimida na noite de Sexta-Feira Santa. Ela não é bela... e é trapaceira, maldita e desapropriada de tudo. Mas não nos enganemos. Ela vela pela agonia de toda a humanidade, intercede por ela. Para isso há uma regra e uma exceção. A cultura é a regra e a arte é a exceção. Todos falam da regra: os cigarros, o computador, as camisas, a TV. Turismo, guerra. Ninguém fala da exceção. Não é falado. Está escrito: Flaubert, Dostoyevski. Está composto: Gershwin, Mozart. Está pintado: Cézanne, Vermeer. Está filmado: Antonioni, Virgo. Ou é vivido, e ali está a arte de viver: Srebenica, Mostar, Sarajevo. A regra deseja a morte da exceção. Assim é a regra da cultura européia... está organizando a morte da arte de viver, que ainda se mantém florescente. Quando for a hora de fechar o livro, não sentirei nenhum pesar. Tenho visto tanta gente morrer tão mal e tantos viver tão bem.