quinta-feira, novembro 29, 2012

Danton

"Sou acusado do crime de conspiração? Pois eu reconheço. Fui culpado de conspiração, no segredo do meu coração, comigo mesmo, eu conspirei. Conspirei pela paz, pela anistia, pelo respeito à lei, pela tranquilidade pública, conspirei pela felicidade e justiça. Erros? Sim, parece que são erros, então os reconheço e mesmo os reivindico. Mas esses. Só esses. Outra de minhas falhas foi a de ser popular e forte quando anonimato e mesquinharia garantem dias tranquilos. Se você quer durar, não seja amado. Foi uma das leis que inventamos, uma dessas leis que, de tão poderosas não estão escritas. Desgraça aos homens fortes e amados pelo povo! Longa vida aos medíocres, taciturnos, amargos na solidão de seus escritórios. A Revolução é como Saturno, que devora um após outro seus próprios filhos. Por que seríamos obrigados, não sei por qual desígnio, a condenar ao invés de perdoar, a matar ao invés de salvar? De onde vem essa cadeia de sangue e onde ela cessará, se ela cessar um dia? Pensei poder frear a tormenta da Revolução. Pensei que seria bom e penso, ainda. Mas vejo seus olhos frios, onde leio minha morte, a morte inevitável, decidida antes de vocês entrarem e me digo: Terei me enganado? Onde errei? Outras pessoas pensam de outro modo. Sua sede de ideal não conhece nenhum limite! Eles já não veem homens à sua volta, só especuladores, facínoras e traidores! Em nome dos princípios da Revolução eles esqueceram a própria Revolução! Estabeleceram uma nova ditadura, ainda mais feroz do que a velha. Por temer a volta dos tiranos, tornaram-se tiranos. Você diz que o povo quer sangue. mentira. Não é o povo que quer sangue. É você. O povo só quer uma coisa: viver em paz. Você não pode lhe atribuir a sede de sangue que é sua. O povo só tem um inimigo poderoso: o governo!"

Discurso de Danton no filme Danton - O Processo da Revolução

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