beberia todos os oceanos
e transaria homens e mulheres
até morrer, dilacerado de dor.
Esta noite eu faria qualquer coisa,
por mais louca e absurda que fosse,
pra não sentir este vazio brochante
e esta puta angústia, velha e avassaladora.
Eu me converteria e cometeria todos os vícios,
sobretudo os que aprendi no hospício,
e mergulharia fundo na depravação,
igual à que praticávamos na prisão.
Depois poderia morrer, sem pressa nem tristeza,
porque experimentei o inferno e o paraíso
e me redimo em ter feito com o corpo
os mais belos poemas que não ousei compor.
Por fim, me entregaria a deus e ao diabo,
perplexo como o menino que fez arte
e jamais conseguiu ser um artista
ou o artista que esqueceu de ser menino
e de repente descobriu que é tarde.
Caio Trindade
Nenhum comentário:
Postar um comentário