sexta-feira, março 05, 2010

quinta-feira, março 04, 2010

Infeliz - Augusto dos Anjos

Alma viúva das paixões da vida,
Tu que, na estrada da existência em fora,
Cantaste e riste, e na existência agora
Triste soluças a ilusão perdida;

Oh! tu, que na grinalda emurchecida
De teu passado de felicidade
Foste juntar os goivos da Saudade
Às flores da Esperança enlanguescida;

Se nada te aniquila o desalento
Que te invade, e pesar negro e profundo,
Esconde a Natureza o sofrimento,

E fica no teu ermo entristecida,
Alma arrancada do prazer do mundo,
Alma viúva das paixões da vida.

quarta-feira, março 03, 2010

A mesa

A mesa mata mais gente do que a guerra.
Joseph de Maistre

terça-feira, março 02, 2010

Blowin´ in the Wind - Bob Dylan

How many roads must a man walk down,
Before you call him a man?
How many seas must a white dove sail,
Before she sleeps in the sand?
Yes and how many times must cannonballs fly,
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

Yes and how many years can a mountain exist,
Before it's washed to the seas (sea)
Yes and how many years can some people exist,
Before they're allowed to be free?
Yes and how many times can a man turn his head,
Pretend that he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.

Yes and how many times must a man look up,
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have,
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

"Quantas estradas precisará um homem andar
antes que possam chamá-lo de homem?"

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Nova era

A era da procrastinação, das meias medidas, dos expedientes que acalmam e confundem, a era dos adiamentos está chegando ao fim. No seu lugar, estamos entrando na era das consequências. 
(Winston Churchill, 1936)

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Na história de nosso amor. Um foi sempre

Na história de nosso amor, um foi sempre
Uma tribo nômade, outro uma nação em seu próprio solo
Quando trocamos de lugar, tudo tinha acabado.
O tempo passará por nós, como paisagens
Passam por trás de atores parados em suas marcas
Quando se roda um filme.
As palavras
Passarão por nossos lábios. Até as lágrimas
Passarão por nossos olhos.
O tempo passará
Por cada um em seu lugar.
E na geografia do resto de nossas vidas.
Quem será uma ilha e quem uma península
Ficará claro pra cada um de nós
No resto de nossas vidas
Em noite de amor com outros.


Yehuda Amichai

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Devaneios da espera

Enquanto eu esperava no carro pela mãe...

  • Será porque eu me frustro com amizades? provavelmente porque me excedo nas expectativas...
  • Eu vi uma garota usando um vestido sutilmente transparente, mas onde se percebia sua calcinha branca com grandes bolas pretas.
  • No pára-choque do caminhão, "Deus peleja por nós"
  • É como se ele finalmente estivesse tirando a maquiagem de palhaço..............
  • Vem chuva !
  • Putz grila, a mãe está demorando pra caralho!
  • Ninguém gosta de esperar.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Tempos de Paz

"Ai de mim. Ai, pobre de mim! Aqui estou, ó Deus para entender que crime cometi contra Vós. Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi. Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido. Para apurar meus cuidados só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também? Pois, se outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei? Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz. E eu, tendo mais instinto tenho menos liberdade? Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas. Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto. E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade? Nasce um peixe, aborto de ovas e lodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio; e eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade? Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga. E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade? Assim... Assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito pedaços do coração. Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"


Trecho do filme "Tempos de Paz", 
Baseado na peça "Novas diretrizes para tempos de paz"

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Epitáfio para a alma

aqui jaz um artista
mestre em desastres

viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte

deus tenha pena
dos seus disfarces

Paulo Leminski